segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Professor


Hoje, 15 de outubro, é o dia do professor. Nesse dia, mais do que em nenhum outro, sou levada a refletir acerca da nobre tarefa e da responsabilidade de um professor. Penso em muitos docentes que fizeram diferença em minha vida e penso, também, em três professores, que saíram das páginas do livro “Planeta Terra”, produto de minha imaginação.

Analisando melhor o perfil destes personagens, pude concluir que eles têm algo importante a nos ensinar e decidi escrever algo sobre eles.

Como todos os personagens do livro Planeta Terra, Antônio, Geraldo e Márcia, têm uma passagem pela narrativa muito curta, porém marcante. Sua importância é apenas percebida depois de uma segunda ou terceira leitura.

As poucas informações acerca destes personagens são estas: eles são professores e trabalham no Instituto Saber e Vida. Vivem em um futuro distante, após o ano 2250. Nesta época, o estilo de vida dos humanos é completamente diferente, no que diz respeito às atividades diárias, prioridades, metas e objetivos, além da própria estrutura corporal. Quem quiser saber mais sobre essas diferenças, bem... é só ler o livro.

Os três professores empreendem uma excursão com seus alunos, uma jornada que acaba se tornando o episódio mais marcante de suas vidas. Durante a viagem, dois alunos se perdem, propositalmente, a fim de experimentar novas aventuras, mas o que eles encontram os deixa, sobremaneira, assustados.

A descoberta dos dois aventureiros conduz a uma mudança nos planos do grupo, mas, diante de tudo isso, os professores Antônio, Geraldo e Márcia se saem muito bem e aproveitam todas as circunstâncias para ensinar valiosas lições a seus alunos e motivá-los na construção do conhecimento.

O modo como os professores agem durante todo o episódio nos permite tirar algumas conclusões que nos levam a refletir sobre nossa postura como docentes.

Antônio, Geraldo e Márcia levaram seus alunos para uma excursão como parte das atividades escolares, o que nos permite concluir que eles costumavam envolver os alunos em atividades práticas, afim de que eles se sentissem parte do assunto a ser estudado. A excursão também possibilitaria aos alunos formularem questões e buscarem respostas por si mesmos. Os estudantes foram conduzidos a uma atividade de pesquisa, algo de fundamental importância no processo de construção do conhecimento.

A maneira como os professores agiram com os dois alunos “rebeldes”, mostra que eles estavam comprometidos com a educação daqueles estudantes. Ao invés de condená-los, imediatamente tomaram uma atitude que não apenas resolveu o problema criado pelos dois, como também serviu como valiosa lição para todo o grupo, incluindo os próprios professores.

O espírito de liderança do Professor Antônio fica evidente. Como líder, ele tinha atitude, tomada de decisão, capacidade de lidar com imprevistos e cooperação de seus liderados. Contudo, reconhecia que não era o dono da verdade e sempre trocava ideias com seus colegas, Geraldo e Márcia. Ele também sabia valorizar as opiniões e pensamentos de seus alunos, mesmo quando tais propostas não representavam a melhor saída para o problema, estimulando-os a refinar seu pensamento até encontrarem a solução mais adequada.

O professor Antônio também sabia lidar com suas limitações e não se envergonhava de admiti-las diante de seus alunos. Quando questionado acerca de algo desconhecido que o grupo encontrou pelo caminho, o professor não hesitou em afirmar que tal achado também lhes trouxe muitas indagações, para quais ele ainda não tinha nenhuma resposta, mas que começaria a procurá-las junto com todos aqueles que quisessem acompanhá-lo. Tal atitude suscitou aplausos por parte dos alunos e a disposição de se unirem em busca de respostas.

Ah! Antônio, Geraldo e Márcia... Vocês não podem deixar de conhecê-los. Eles estão bem ali, nas páginas do “Planeta Terra”.

Saindo da ficção e, voltando para a realidade. A data de hoje me faz lembrar uma conversa que tive com uma jovem que conheci em uma de minhas viagens de lançamento do livro, há algum tempo.

Ela era estudante de graduação em certa instituição de ensino muito conceituada. Estava em seu último ano, às voltas com o famoso TCC, mas o que mais a angustiava era uma sensação de frustração, uma verdadeira decepção quanto ao curso e a postura da maioria dos docentes.

Quando iniciou seus estudos, ela pensava que aquele curso e aquela instituição iriam proporcionar-lhe a oportunidade de desenvolver suas habilidades mentais de raciocínio, argumentação, a arte de questionar e debater, de expressar seu pensamento e não ser apenas uma mera repetidora do pensamento de outros (diga-se, de passagem, dos professores). Mas, foi, exatamente, o contrário que ocorreu. Tristemente ela logo descobriu que os alunos eram preparados ali para serem aprovados nos exames de avaliação da faculdade e do curso, afim de que a instituição tivesse um ótimo conceito e pudesse ser bem vista pela sociedade e futuros clientes.

A postura de alguns docentes, tanto dentro como fora da sala de aula, deixou-a transtornada. Certo dia, um professor pediu que ela o aguardasse na sala dos professores. Enquanto estava ali, ela pôde presenciar as conversas de alguns docentes que, julgando que ela fosse uma colega, começaram a falar livremente acerca dos estudantes para os quais eles ministravam aulas. Muitos deles usavam expressões preconceituosas e deixavam claro seu desprezo pela classe estudantil, como se os alunos fossem seres detestáveis e inferiores a eles, os docentes.

Ao ouvir seu relato fiquei perplexa e grandemente perturbada. Passei a imaginar o efeito que a postura desses mercenários da educação, pois não merecem o título de professor, tem causado na vida dos milhares de estudantes com os quais eles lidam diariamente.

Mas, ao final de nossa conversa, tive a grande alegria de ouvir aquela jovem mencionar acerca de seu desejo de, após a conclusão de seus estudos, iniciar uma pós-graduação e, em breve, tornar-se docente naquela mesma instituição e oferecer a seus alunos tudo aquilo que ela desejou, mas não teve: um ambiente agradável de construção do conhecimento.

– Vá em frente! – eu lhe disse. – Você não imagina como sua decisão me deixa feliz. Acredito, plenamente, que você fará toda a diferença naquela instituição, irá quebrar muitos paradigmas e, até, influenciará seus futuros colegas, que hoje são seus professores, conduzindo-os a uma atitude de reflexão e de mudança.