Quanto vale a vida humana? Muito, pouco, nada, depende... ou
seria ela tão valiosa que não haveria nada neste planeta que se compasse ao seu
valor?
Houve um tempo em que o fim da vida humana era diversão,
pessoas se reuniam para assistir a espetáculos de combate entre gladiadores que
lutavam até a morte. Havia também o espetáculo da morte de seres humanos servindo
de alimento para leões famintos.
Num passado remoto, num tempo em que havia reis soberanos,
cuja vontade era absoluta e suas decisões inquestionáveis, tais monarcas
matavam e mandavam matar a qualquer de seus súditos que contrariasse, de modo
real ou imaginário, os seus interesses.
Nessa mesma época, nações invadiam outras nações e as
conquistavam, infligindo tortura, morte e escravidão a seus habitantes, afinal,
a nação conquistada, era inferior àquela que a conquistara e o vencedor tinha
todo o direito de dominar sobre os vencidos. Que visão distorcida e degenerada
acerca do que é domínio!
Será que hoje as coisas são diferentes, houve mudança, e
para melhor, quanto ao aspecto da valorização da vida humana? Afinal de contas,
somos uma sociedade civilizada, com alto grau de desenvolvimento científico e
tecnológico, com inúmeras organizações que cuidam dos direitos humanos em todas
as esferas, tanto a nível nacional como internacional...
Hoje, o fim da vida humana é destaque, é número, é notícia.
Desde o início da guerra naquele país, já morreram ....
pessoas; um acidente envolvendo determinado meio de transporte provocou a morte
de.... passageiros; um desastre natural também pôs fim a, pelo menos .... vidas
humanas; a explosão de uma bomba matou....
As notícias acerca de crimes também são frequentes e
notórias, sendo alvo de comentários e compartilhamentos nas redes sociais, como
a recente morte do torcedor atingido por um vaso sanitário arremessado do alto
de um estádio. Um dos aspectos que mais nos chamou a atenção nesse caso foi o
tom dos comentários compartilhados, que iam desde expressões de alegria pela
morte da pessoa, passando por desprezo e chacota pela dor dos familiares
enlutados, atribuição de parcela de culpa à vitima, provocações e comentários
preconceituosos contra as pessoas da região nordeste, até gracejos e piadas envolvendo
a situação. Que tipo de consideração para com o ser humano tem os que aderiram
a tais práticas? Qual o valor da vida humana?
Tristemente, para muitos, não vale nada. Eliminar uma vida,
depois se esconder, ser preso, apresentar motivos e argumentos como justificativa
para seu ato, envidar esforços para se livrar, ou minimizar as consequências do
mesmo, colocar a culpa em outros, sejam eles indivíduos ou a própria sociedade,
e ainda usar as leis para se beneficiar, de alguma forma, é algo tão comum,
além, é claro, de ter o direito de fazer uso da mentira e do engano a seu
favor.
Especialista das mais diversas áreas, que tentam debater e encontrar
soluções e respostas para a questão da violência contra a vida humana. Um dos
caminhos apontados é encontrar a raiz do problema que, para muitos está na própria
sociedade, a qual forma criminosos e estimula a violência. Sendo assim, a
educação, a oferta de condições dignas que satisfaçam às necessidades básicas
de todos, sem distinção, além do combate ostensivo à criminalidade seriam as
medidas eficazes para solução do problema.
Educação, necessidades básicas supridas, oportunidades de
crescimento e desenvolvimento, medidas eficazes de combate ao crime envolvendo
a prevenção, investigação, punição e reabilitação de criminosos, resolveriam,
de fato, o problema da violência e da desvalorização da vida humana? Ou será
que, pelo menos, duas peças estariam faltando nesse quebra-cabeça?