Faz um bom tempo que não escrevo
neste Blog.
Vontade e ideias não faltaram,
mas, simplesmente, não escrevi. Uma coisa aqui, outra ali; corre pra lá, corre
pra cá... Depois chegou o final do ano, encerramento de semestre letivo (quem é
professor ,ou convive com um espécime desses por perto, sabe o que isso
significa) e vieram as férias. Ah! Férias! Tão sonhadas! Tão almejadas...
Com as férias veio o dilema:
viajar para bem longe e deixar tudo pra trás, ou ficar em casa e aproveitar para
conhecer melhor a cidade e seus arredores. Nesse caso, eu poderia também aproveitar
o tempo livre para agarrar a lista de “coisas por fazer” e tentar eliminar uma por uma, entre elas a
massacrante tarefa de organizar e selecionar papéis.
Optamos por ficar e, como
consequência disso, o que conseguimos foi desfrutar de excelentes passeios a
lugares que estão bem próximos de nós e nunca havíamos experimentado. Vi
diminuir, notavelmente, a montanha de papéis e coisinhas que a gente vai
guardando no dia a dia, com direito à conhecida promessa: “De agora em diante, não vou mais juntar
coisas inúteis. Prometo que só guardarei aquilo que for essencial.”
Recebemos a agradável visita de
familiares e aproveitei para fazer exames de rotina. Quando me dei conta, as
férias haviam acabado.
De volta ao trabalho, percebi que
minhas energias estavam renovadas e minha voz, também. Então, veio o Carnaval, e
tivemos um recesso. Nesse período pude fazer algo que não fazia há muito tempo:
ficar em casa. Isso mesmo! Ficar dentro de casa sem ir a lugar algum.
Descansar, desempenhar meus
afazeres sem a incômoda pressão de horário e avançar consideravelmente na
escrita do segundo volume da série “Planeta Terra”, foi o que fiz nesses dias.
Além disso, em minhas curtas saídas, aproveitei para desfrutar de agradáveis
momentos em meio à natureza.
Sentar na grama em um lugar calmo
e tranquilo, procurando captar ao máximo os sons, cores, formas, movimentos e
aromas do mundo natural ao meu redor, foi incrivelmente gratificante. Pude ver
uma mãe sabiá cuidando de seus filhotes. Tive o privilégio de ser analisada por
dois pares de olhos bem vivos e atentos.
Ao me aproximar do galho onde
estavam os sabiás, os filhotes ergueram-se do ninho e passaram a me analisar,
como se dissessem: “ mas que coisa grande e estranha é essa que apareceu, de
pronto, bem aqui, embaixo de nossa casa?” E os dois moviam a cabeça, como se
quisessem me analisar de todos os ângulos possíveis.
A mãe havia saído, sem dúvida,
para buscar alimento. Em breve estaria de volta, e os pequenos sabiás, certamente,
fariam aquela gritaria e abririam bem os bicos, de um modo que só filhotes
famintos sabem fazer.
Ah! Por falar em animais... Hoje
pela manhã, fomos surpreendidos pela visita de alguém, que chegou repentinamente, deixando bem claro suas intenções: veio para ficar.
Meu esposo havia escutado um
miado e, ao abrir a porta, ela entrou correndo como um raio, e foi parar na
cozinha. A criaturinha felpuda deve ter em torno de 30 a 40 dias, é amarela e
branca e tem os olhos azuis acinzentados mais expressivos e sedutores que eu já
vi. Me pergunto o que teria acontecido com a outra metade de seu rabo, se ela
sofreu um acidente ou se foi vítima da crueldade de alguém.
Bem, o resto vocês já devem
imaginar. Fazendo uso de suas habilidades felinas de sedução, ela conquistou
nosso coração, por completo, e virou o centro de todas as atenções.
Lilica! Foi assim que eu passei a
chamá-la, pela semelhança com a gatinha adotada por minha amiga Janaina e sua
família.
Foi Lilica que me inspirou a
voltar a escrever neste Blog. Ela me motivou a dizer, repetir, enfatizar, clamar
bem alto: precisamos cuidar dos animais que estão ao nosso redor, que cruzam
nosso caminho. Precisamos prestar mais atenção a essas criaturas e suas
necessidades. Odiar os maus tratos, aborrecer a indiferença e fazer nossa
parte, sem empurrar para os outros nossa tarefa. Banir, de uma vez por todas, o
“eu não posso” ou “simplesmente não dá”.
Como cidadãos do Planeta Terra,
nossa obrigação é CUIDAR. Nossa responsabilidade é COMPARTILHAR essa causa,
motivando outros a abraçá-la e divulgá-la.
Enquanto escrevo, Lilica corre,
despreocupadamente, de um lado para outro. De vez em quando, seus olhinhos
expressivos me encaram, com confiança, e me comunicam algo que eu já sabia, mas
gosto de relembrar: que os animais nos pedem uma só coisa, bem pequenina, apenas
um modesto cantinho em nosso espaçoso coração.
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