Estava claro que aquele ambiente
era um laboratório e que o indivíduo não tinha a menor noção do que estava
fazendo ali.
Ele já havia lido diversos
manuais com regras de conduta em laboratório, mas nunca dera a menor
importância. Seguia fazendo seus experimentos o tempo todo, e de qualquer
jeito, sem se importar com as consequências, se é que elas existiam, de fato.
Quando surgiam dúvidas acerca de
algum procedimento, ele conversava com seu amigo Mike, um perito
experimentador, o qual, sem deixar nenhum aviso, desaparecera do palco há dias.
O que teria acontecido com ele? Não adiantava ficar imaginando algo. Procurá-lo,
seria a melhor coisa a ser feita nesse momento.
Ao chegar à casa de Mike, foi
recebido pela esposa dele, uma mulher chata, que tinha o péssimo hábito de se
intrometer onde não devia. Chegou, até mesmo, a mencionar que aquilo que estava
acontecendo com Mike era consequência de suas atitudes no laboratório e que seu
amigo, que ali fora visitá-lo, se não quisesse ficar na mesma situação, ou
ainda pior, devia desistir de levar avante seu último plano experimental.
Mas que absurdo! Como essa mulher
se atrevera a lhe dizer uma coisa dessas? Desistir do último experimento?
Jamais! Fora através dele que conseguira aumento de salário e o reconhecimento dos
colegas de profissão e de seus superiores!
Saiu dali muito indignado. Pelo
caminho, encontrou sua sobrinha, que lhe ofereceu um livro e disse: ¾ Tio, o senhor precisa ler
esse livro. É maravilhoso! ¾
É mesmo? E do que ele trata? ¾
Ah! Ele fala sobre as últimas novidades acerca dos cuidados com laboratório.
Mas que bobagem! Ele não
precisava ler nada, não precisava saber de nenhuma novidade acerca desse tema. Afinal,
ele já sabia de tudo o que era essencial. Seu amigo Jones havia permanecido
tanto tempo à frente de seu laboratório sem precisar se atualizar, ler livros e
seguir um conjunto de regras desnecessárias e enfadonhas. Por outro lado,
Frank, que se apegara a tudo isso, teve seu laboratório destruído em tão pouco
tempo...
Mais tarde, ao falar com a mãe
pelo telefone, ela o questionou:
¾
Por que você insiste em fazer tantos experimentos que acabam lhe prejudicando?
¾
Porque eu gosto! Além disso, quando tenho algum prejuízo, os efeitos passam
rápido, é algo momentâneo e depois, a senhora sabe..., depois as coisas ficam
melhores do que antes!
A narrativa termina aqui, mas não
a trajetória de seu protagonista. Quem é esse sujeito? Onde ele vive e por quanto tempo permanecerá com suas experiências?
Há algum tempo assisti a um DVD. Vinheta,
imagens em 3D e cenários da natureza desfilaram diante de meus olhos, quando
ouvi a pessoa que apresentava o vídeo dizer algo, que procurei tomar nota: “O
corpo humano é um excelente laboratório e nós somos o resultado das
experiências que fazemos com ele”.1
REFERÊNCIA
1. VAZ, João. Viva
mais e melhor. DVD Vídeo. Distribuição CEAFA.
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