Fernando caminhava pela calçada de uma
tranquila e arborizada rua residencial.
Andava desconfiado, pois havia “aprontado”
de novo e quase tinha sido apanhado em flagrante. Contudo, ao passar pela
frente da casa da família Lins, sentiu um incontrolável desejo de entrar ali.
Olhando ao redor, percebeu que a rua
estava deserta e o silêncio imperava naquela residência.
Ao pular o muro teve a certeza de que
não havia ninguém em casa.
“Que bom”, pensou consigo mesmo.
“Aproveita, Fernando, que hoje é teu dia de sorte!”
Estudou, cuidadosamente, o ambiente e
decidiu seguir em direção à porta dos fundos.
Em pouco tempo, Fernando já se
encontrava no interior da residência da família Lins, mas o que ele não
imaginava era que, naquele dia, todos estavam em casa, inclusive Anthony, o
filho mais velho do Sr. Lins, que era um policial.
Fernando estava no térreo, procurando
algo de valor que pudesse levar consigo. Vasculhava calmamente cada cômodo, até
que, sua razão entrou em cena, e ele ponderou que era melhor se apressar, para
não correr o risco de ser apanhado em flagrante.
Foi, então, que encontrou algo
imensamente desejável, que faria os olhos de qualquer um saltar das órbitas.
Sem pensar duas vezes, Fernando agarrou
o tão cobiçado objeto e concluiu que era melhor se retirar. Contudo, na pressa
por sair, acabou derrubando um jarro de flores, o qual veio ao chão,
espatifando-se em mil pedaços, espalhando areia num raio de mais de 5 m e, é
óbvio, despertando a família Lins, que dormia no andar de cima.
¾
Quem está aí? ¾
bradou o Sr. Lins que, apesar de estar
na casa dos 80 anos, ainda continuava forte e bem disposto.
O ancião desceu tão rápido quanto pôde
e, ao chegar embaixo, encontrou Fernando que, desorientado com o incidente, não
conseguia encontrar a porta de saída.
Não deu outra. Os dois entraram em luta
corporal e o Sr. Lins levou a pior, enquanto Fernando conseguiu escapar,
levando o que bem quis daquela residência.
Ao ouvir os gritos do Sr. Lins, Pablo,
Anthony e Marcela, os filhos, desceram correndo as escadas e encontraram o pai
estendido ao chão, com muitos ferimentos pelo corpo.
¾
Ah, seu desgraçado! Eu vou te
matar! ¾
berrou Pablo.
¾
Fique calmo, dizia seu irmão Anthony, o
policial. ¾ Pode deixar que
eu cuido desse negócio.
Enquanto isso, Marcela correu e foi
buscar uma caixa de primeiros socorros para aliviar o sofrimento do pai.
Quanto a Fernando, não apenas conseguiu
escapar ileso, como também já se encontrava a cerca de duas quadras adiante,
prestes a pular o muro de outra residência.
Antes que você salte da cadeira bradando
por justiça e fique revoltado com as maldades que acontecem todo o dia, nesse
país, e ninguém dá um jeito em criminosos como esse tal de Fernando, deixe-me
acalmá-lo dizendo que o protagonista de nossa história não é nenhum criminoso.
Agora, certamente, você vai pensar que
eu fiquei maluca por dar razão a alguém que invade a propriedade alheia,
pratica roubo e lesão corporal, com o agravante de ter sido contra um idoso.
Fique calmo (a), pois eu nem perdi o
juízo e nem passei a apoiar o crime de forma consciente. Apesar de tudo,
insisto em dizer que Fernando não é um criminoso e, naquela situação, era ele
quem estava em desvantagem.
Quer conferir? Então leia a segunda
parte da história em nossa próxima postagem.
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