Eu havia acabado de fechar o portão e me preparava para sair
quando ouvi alguém dizer:
− Por favor, pega Flora.
No meio da rua estava uma garotinha vestida com pijama,
cabelo por pentear, que me dirigia um olhar suplicante.
Flora, por sua vez, era uma cadelinha poodle, de cor cinza,
que havia escapado de casa e estava se divertindo muito ao correr pela rua de
um lado para o outro.
Como não se comover diante de um pedido como aquele?
Levada pela emoção, decidi ajudar a garotinha, mas, de pronto,
acendeu a luz vermelha da razão. E se Flora, na hora em que eu tentasse
pegá-la, cravasse os dentes em meu braço?
Tem de haver algum
adulto por perto, pensei. Onde estão os pais dessa menina?
Nesse momento, as atenções de Flora e da garotinha voltaram-se
para um par de graciosos cachorrinhos pinscher que, latindo animadamente, nos
observavam da varanda da casa da frente.
− Vovó − disse a garotinha a uma senhora que se
aproximava − veja esses cachorrinhos!
A voz da menina transmitia a emoção de quem acabara de
descobrir algo encantador. A avó, por outro lado, carregou Flora, deu meia
volta e pediu à neta que a acompanhasse. Não deu a mínima importância para os
cachorrinhos e nem para mim, que contemplava tudo aquilo com um olhar de quem
queria puxar conversa e fazer novas amizades.
Fiquei parada na calçada, observando-as enquanto elas se
dirigiam à casa. A menina, toda empolgada, não parava de comentar o ocorrido,
transparecendo alegria por haver visto aqueles cachorrinhos. A avó, alheia a
tudo aquilo, seguia com o semblante muito sério e carregado.
Como o mundo de alguns adultos é fechado, pensei. Fechado
para aproveitar as pequenas alegrias que tornam o dia grandioso, fechado para
se deleitar com as coisas simples, e ao mesmo tempo tão preciosas, fechado para
fazer dos pequenos acontecimentos uma fonte contínua de satisfação.
Ah! Se eu pudesse entregar-lhes a chave, ajuda-los a
perceber... não deixar escapar cada momento, cada dia...
Cada dia que houver pra mim, cada ave a voar,
É motivo pra eu sorrir, é razão pra cantar.
Eu não canso de olhar o horizonte sem fim,
A grandeza do mar, ou a paz de um jardim.
Sinto a chuva cair, sinto a brisa do ar,
Vejo a Terra sorrir, vejo a vida chegar.
Cada dia ao nascer traz no sol o seu calor,
Cada raio a brilhar é um poema de amor
Eu não canso de ouvir tantos sons pelo ar,
As canções dos pardais ou a fonte a jorrar
Cada dia que houver pra mim, cada ave a voar,
É motivo pra eu sorrir, é razão
pra cantar.
Essas belas palavras, de autoria de Valdecir Lima, adornadas
pela melodia de Flavio Santos, fazem parte de uma canção que foi escolhida por
mim como a música tema de minha vida diária: CADA DIA.
Cante você também e experimente essa maravilha em seu dia a
dia.
http://youtu.be/sdIFYNPPTyc
Um maravilhoso post para encantar nosso dia. Parabéns, Delanie!
ResponderExcluirAbraço.